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Esse é um espaço onde tenho o compromisso e a obrigação de colocar minhas opiniões para aprofundar os mais diversos assuntos, tais como análise político-eleitoral, resenhas de livros e filmes, entre outros, porque apenas com o debate, e a exposição de opiniões contrárias o ser humano pode chegar a suas próprias conclusões. aqui meu lema é: " Não escrevo o que querem ler, mas o que deve ser lido". tenha uma boa leitura, e fique a vontade para comentar.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Dejavu?


Hoje, dia 28 de fevereiro de 2012,  foi publicado no jornal Extra, na página 15, uma entrevista com o atual presidente estadual do PMDB do Estado do Rio de Janeiro Jorge Picciani.
Entre mágoas não resolvidas, guardadas desde sua derrota para Lindberg Farias e Crivela para o Senado em 2010 e gargalhadas cínicas, seu foco agora é o movimento à nível Nacional do PMDB em neutralizar o PT em alguns Estados importantes para a conjuntura eleitoral, já com horizonte em 2014, a exemplo do próprio Estado do Rio de Janeiro.
Uma caravana peemedebista promete visitar a Presidente Dilma (PT) para lhe CHANTAGEAR ( uso essa palavra, pois não encontro outra que defina essa atitude). Ou a Presidenta puxa a coleira e corta as asas das grandes lideranças que têm projetos de serem Governadores de Estados, ou, o PMDB ameaça um racha nas fileiras governistas, tirando seu apoio e lançando carreira solo rumo a cadeira presidencial.
Do que o PMDB tanto reclama? Já tem a Vice-presidência, vários ministérios (mais do que o próprio PT), as presidências da Câmara Federal e do Senado, o que mais eles querem?
Caso a companheira Dilma se renda a tais exigências, pode-se repetir o o cenário eleitoral  que os petistas e (ex-petistas) conhecem muito bem: A famosa intervenção de 1998.
Para os mais jovens (tanto de PT quanto de existência), o cenário de 1998 foi o seguinte: O PT carioca elegeu de forma democrática  o fundador do partido e histórico ativista político Vladimir Palmeira para concorrer o governo do Estado. O PT nacional, na época, namorava a possibilidade do apoio de Leonel Brizola (PDT) ao Lula (PT) para a presidência. O namoro não foi fácil. Como “dote”, Brizola exigiu que o PT fluminense apoiasse seu rebento político Antony Garotinho. O PT nacional, cedendo ao pedido, ajoelhou-se diante de seu pretendente, com o PT do estado do Rio de Janeiro numa caixinha onde deveria conter um belo par de alianças. O que nem o PT de Lula, nem o PDT de Brizola poderiam imaginar, é que o fruto dessa união pudesse ser tão podre.
O filho revoltou-se contra seus criadores. Ingênuos, criaram um monstro, tal como deus criou lúcifer e acabou por alimentar seu próprio inimigo. Uma reviravolta, onde, dessa vez, o dragão jogara todo seu peso e chamas contra São Jorge e seu belo cavalo branco.
Dilma e o PT nacional correm o mesmo risco. O PMDB exige apoio do PT para se fortalecer contra o próprio PT, enfraquecendo o partido de Lula e Dilma. Após alimentado, o PMDB quer devorar a mão que o alimentou. Vale apena ver de novo? A história nos mostra nossos erros para que não voltemos a cometê-los. Mais um “Dejavu” promete afirmar a ciclicidade da política nacional.  Como dizia nossa Beth Carvalho: “ Você pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão...”.


Emerson Torres – Graduando em História, 2º período, FEUDUC.



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Frutos da Solidão?


Num mundo distante, sombrio e isolado, existia um ser que se denominava “supremo”, “poderoso”, “onipotente” e “onipresente”, um ser que vivia numa imensa solidão, construindo e destruindo planetas e estrelas para afastar o tédio. Certo dia teve uma ideia, criar vida onde não existia nada, quem sabe assim sua solidão fosse curada. Pegou um de seus planetas estéreis e vazios e o tornou num laboratório, ou melhor, habitat para seus animais de estimação. Criou animais e plantas. Tal como uma criança rebelde, infringia dor e sofrimento em suas criações, mas sua natureza egocêntrica e psicótica não ficava satisfeita.
À noite, enquanto os animais dormiam, pegou pra si partes de cada um deles: mãos e pés de um macaco adormecido, olhos de uma águia, coração de uma serpente etc. Juntou todos os pedaços num quebra-cabeças sangrento e monstruoso, mas ainda faltava uma essência, que mais tarde chamaria de alma, lhe deu a essência, que um dia, reivindicaria de volta. Viu dentro de si mesmo vários sentimentos, que se encontravam em abundância em seu interior: egoísmo, prepotência, amor, ódio e os doou a sua criação partes de cada um deles, estava sobrando mesmo, pensou ele.  Fechou seus olhos enquanto cada parte se unia a outra e tomando uma forma moldada em sua imaginação. Queria que se parecesse com ele mesmo, tanto por fora quanto por dentro.
Ao abrir seus olhos, a criatura estava viva, colocou-lhe a coleira da adoração e o soltou. Causava-lhe sofrimento e dizia-se ser “o Demônio”, quando lhe dava paz e conforto, dizia-se “Deus”. Pois esse ser era bipolar, psicótico e muito carente. A coleira da adoração servia para que sua criatura sempre o adorasse e o venerasse, tal como um cão que vem ao encontro de seu dono após um dia de trabalho. Orgulhoso com seu feito, esse “Deus-Demônio” constatou que sua criatura estava só, demonstrava um comportamento estranho, parecia estar no cio, então, observando que cada animal tinha sua fêmea para copular e se reproduzir. Criou a mulher, e ofereceu a sua criatura. Como que previsse seu futuro ajoelhou-se diante de seu “dono” e perguntou: Que mal eu fiz para merecer tal castigo? Deus-Demônio respondeu: Se reclamar mais crio a sogra!

Sobrenome: Preconceito.


O autor carioca Everardo P. Guimarães, em seu livro “O Que é Etnocentrismo”, tendo sua primeira edição publicada em 1984, tenta “traduzir” ou interpretar de forma bastante didática e funcional esse termo adotado para descrever algo comum entre as sociedades: o preconceito.
O que seria a palavra etnocentrismo do que apenas o sobrenome, ou sinônimo, de outra palavra que também se encaixa nas mesmas definições que a caracterizam? Quando observamos outras sociedades, outras culturas, outras organizações sociais com um olhar etnocêntrico, utilizando-se de uma maneira evolucionista, linear, hierarquizada e tendo o “outro” como ser menos civilizado e mais “selvagem”, estamos apenas usando as lentes do preconceito para observá-lo.
O preconceito, como a própria palavra auto-define, é ter um conceito predeterminado por questões que sequer conhecemos. Os estudiosos do século XVI não estavam preocupados em estudar profundamente as sociedades ou comunidades que eles consideravam abaixo nessa hierarquização social. Normalmente, eles só se preocupavam em tentar compreender “o outro” quando havia um interesse maior que motivasse tal pesquisa. Seja, por exemplo, para explorar a mão de obra dos nativos pré- colombianos, sua catequização ou simplesmente explorar suas riquezas naturais.
O etnocentrismo é constantemente abordado na ficção. O filme “Avatar”, por exemplo, na minha humilde opinião, pode ser um exemplo bem típico: “eu”, o ser civilizado e superior, estabeleço contato com “o outro”, lhe ensino minha cultura, que acredito servir para lhes tirar do estado selvagem, aprendo seus hábitos, mas tudo motivado por um interesse maior, que é o de explorar seus valiosos e raros recursos naturais.
Este termo, segundo o próprio autor, só começa a ser “exorcizado” no século XX, mesmo que de forma tímida, pois até hoje este “fantasma” nos assombra. Porém, o campo da antropologia tem um papel fundamental para tentarmos compreender o “outro” não com uma visão de melhores ou piores que nós mesmos, apenas diferentes, com suas próprias crenças, valores, princípios éticos e políticos. Somos tão estranhos a eles, que eles são para nós.
Lembro-me, no início do curso, quando o professor Raphael Almeida, nos trouxe para a aula de Antropologia o texto de Horace Miner “As práticas Mágicas entre os Naciremas”, como a turma ficou perplexa ao ler uma transcrição de comportamentos tão estranhos a nós, no entanto, um dia nos chega a revelação de que aquelas práticas tão estranhas e assustadoras se tratava de um diálogo descrevendo nossos próprios hábitos, como se fossem descritos com base numa observação do “outro” sobre nosso próprio comportamento. Da mesma forma que avaliamos, julgamos e criticamos os hábitos e costumes do “outro”, ele também faz o mesmo sobre nós, somos “alienígenas” em sua própria concepção de mundo.
Este termo perde um pouco de sua força quando percebemos que tentar classificar uma determinada sociedade com um olhar evolucionista, linear e distante é errônea, pois as culturas são multilineares e estão constantemente em ebulição, se hibridizando, se transformando, se adaptando dependendo de seus próprios fatores, seus próprios reagentes sociais. O Pensamento etnocêntrico apenas favorece seus próprios defensores, que sem ele têm dificuldade de visualizar um mundo plural, multicultural e que não existam etnias superiores ou inferiores. Franz Boas, segundo o autor, nos deixa mais perguntas do que respostas, levanta mais hipóteses do que realmente afirma conceitos. Mas defendia que o “outro” também tem direito de escrever sua própria história, sem que necessariamente ela se cruze com a nossa.
      Enfim, concordando com o autor, o grande salto rumo a ruptura do pensamento etnocêntrico é dado por Malinowski, abandonando o conforto dos gabinetes e mergulhando no mundo do “outro” através do Trabalho de Campo. Se aprofundando na cultura e no espaço geográfico em que vivem, porém, segundo ele , não raramente, “a antropologia contraria sua vocação de preservar a experiência da diversidade, quando a própria matéria é forjada na ótica do “eu” tentando compreender o “outro””, mantendo a visão hierarquizada. Enquanto o olhar preconceituoso sobre o outro existir, haverá etnocentrismo e vice versa. Quando o Homem for capaz de ver seu próximo, respeitar sua cultura e seus ritos estaremos, enfim, num mundo ideal.


Nem tudo que reluz é ouro.


O autor paulista José Luis dos Santos, em seu livro “O que é cultura”, publicado pela editora brasiliense, tendo sua primeira edição lançada em 1983, narra a importância da cultura na evolução, transformação e criação de uma identidade própria dos mais diversos grupos sociais.
      O estudo da cultura e sua diversidade contribuem para que cada grupo acabe respeitando as demais manifestações culturais. Combatendo o preconceito e o distanciamento provocado pelo mesmo. O autor também levanta uma questão importante, o porquê da variação das mais diversas expressões culturais e qual o sentido dessa variação. Também comenta a tentativa de hierarquizar as mais diferentes culturas, tendo como base uma visão eurocêntrica, onde as tribos brasileiras, por exemplo, seriam classificadas como “selvagens” enquanto o próprio europeu seria classificado como “civilizado”, o mais alto nível hierarquia. O que acabava contribuindo para justificar a superioridade europeia e seu domínio, numa visão racista e etnocêntrica.
      O autor aborda o conceito cultura de uma forma genérica, como tudo que caracterize uma população humana, suas manifestações religiosas, seus ritos, suas músicas, sua forma de dominar a natureza. Algumas das características básicas de cultura foram utilizadas no século XIX, adotando uma visão laica de mundo social e que a cultura é o que nos diferencia dos demais animais: tudo que é humano é cultura. O seu estudo aprofundado serve tanto à interesses de unificar uma nação que politicamente não apresenta tal unidade, mesmo possuindo uma identidade cultural em comum, como a Alemanha do Século XIX, quanto o objetivo de explorar ou dominar sociedades que estão, segundo seu ponto de vista etnocêntrico, abaixo na escala da evolução social. Pois, não existe forma mais enraizada de dominação do que inserir, mesmo que através de processos conflituosos ou midiáticos, sua cultura numa determinada sociedade (língua, música, comportamento...). Cito, como exemplo, a obrigatoriedade do ensino da língua inglesa nas escolas (o dominando sendo “adestrado” pelo dominador). Conclui-se então, que cultura é a dimensão do processo social, da vida, de uma sociedade, sendo “um produto coletivo da vida humana”.
      Por mais sólidos que sejam seus argumentos para definir o que seja cultura, tanto erudita quanto popular, certa manifestações que para ele se classificam ou se rotulam como cultura, eu discordaria profundamente, é o caso, por exemplo, do movimento “Funk”, que recentemente foi “legitimado” pela Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro como sendo um movimento cultural. Como pode um estilo de “música” sem musicalidade, com letras carregadas de pornografia, apologia a facções criminosas, ao uso de drogas, a precocidade sexual, com “intérpretes” que sequer sabem cantar ser chamado de cultura? Esta “cultura” se enquadra melhor em artigos de nosso defasado código penal, e não na academia brasileira de letras. Mesmo sendo um traço social de um determinado grupo social (Bandidos, traficantes, presidiários, assassinos...). Nem toda definição reflete a realidade, nem todo conceito se adapta ao objeto estudado, Nem tudo que reluz é ouro.