Num mundo distante,
sombrio e isolado, existia um ser que se denominava “supremo”, “poderoso”,
“onipotente” e “onipresente”, um ser que vivia numa imensa solidão, construindo
e destruindo planetas e estrelas para afastar o tédio. Certo dia teve uma
ideia, criar vida onde não existia nada, quem sabe assim sua solidão fosse
curada. Pegou um de seus planetas estéreis e vazios e o tornou num laboratório,
ou melhor, habitat para seus animais de estimação. Criou animais e plantas. Tal
como uma criança rebelde, infringia dor e sofrimento em suas criações, mas sua
natureza egocêntrica e psicótica não ficava satisfeita.
À noite, enquanto os
animais dormiam, pegou pra si partes de cada um deles: mãos e pés de um macaco
adormecido, olhos de uma águia, coração de uma serpente etc. Juntou todos os
pedaços num quebra-cabeças sangrento e monstruoso, mas ainda faltava uma
essência, que mais tarde chamaria de alma, lhe deu a essência, que um dia,
reivindicaria de volta. Viu dentro de si mesmo vários sentimentos, que se encontravam
em abundância em seu interior: egoísmo, prepotência, amor, ódio e os doou a sua
criação partes de cada um deles, estava sobrando mesmo, pensou ele. Fechou seus olhos enquanto cada parte se unia
a outra e tomando uma forma moldada em sua imaginação. Queria que se parecesse
com ele mesmo, tanto por fora quanto por dentro.
Ao abrir seus olhos, a
criatura estava viva, colocou-lhe a coleira da adoração e o soltou. Causava-lhe
sofrimento e dizia-se ser “o Demônio”, quando lhe dava paz e conforto, dizia-se
“Deus”. Pois esse ser era bipolar, psicótico e muito carente. A coleira da
adoração servia para que sua criatura sempre o adorasse e o venerasse, tal como
um cão que vem ao encontro de seu dono após um dia de trabalho. Orgulhoso com
seu feito, esse “Deus-Demônio” constatou que sua criatura estava só, demonstrava
um comportamento estranho, parecia estar no cio, então, observando que cada
animal tinha sua fêmea para copular e se reproduzir. Criou a mulher, e ofereceu
a sua criatura. Como que previsse seu futuro ajoelhou-se diante de seu “dono” e
perguntou: Que mal eu fiz para merecer tal castigo? Deus-Demônio respondeu: Se
reclamar mais crio a sogra!

Nenhum comentário:
Postar um comentário