Seja Bem vindo!!

Esse é um espaço onde tenho o compromisso e a obrigação de colocar minhas opiniões para aprofundar os mais diversos assuntos, tais como análise político-eleitoral, resenhas de livros e filmes, entre outros, porque apenas com o debate, e a exposição de opiniões contrárias o ser humano pode chegar a suas próprias conclusões. aqui meu lema é: " Não escrevo o que querem ler, mas o que deve ser lido". tenha uma boa leitura, e fique a vontade para comentar.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Oportunismo Diante da Tragédia ( Melhorado)


( Em meu 1º artigo acadêmico, atualizei uma antiga postagem, reforçando-o com citações e o desenvolvendo com mais fontes de pesquisa. Sob o mesmo título, esse artigo é a continuação do texto " Oportunismo diante da Tragédia". foi apresentado em setembro de 2013, para a matéria Metodologia Científica, 3º período de História).

     
“A autodefesa é, inquestionavelmente, um direito garantido pela Constituição Federal de 1988, mas, para que seja plenamente exercido pelos cidadãos, é necessário que o Estado garanta também todos os meios materiais necessários e adequado à sua efetivação... Uma sociedade armada inibe o banditismo”
(Diálogos & Saberes, 2012)

      A Constituição Federal de 1988 garante, como direitos fundamentais, o direito à autodefesa, no entanto, o Estado não garante os meios necessários para que esse direito seja efetivado.
      Se todo cidadão é igual perante a lei, por que não podemos, como parte do direito a segurança, portar arma de fogo, num cenário onde claramente o Governo deixa a desejar no quesito segurança pública?
      Não basta que nossa carta magna reconheça o direito à autopreservação, o direito a vida, se todos os dias estamos a mercê de uma onda crescente de violência, onde o cidadão de bem fica indefeso, e, diariamente corre risco de morte. Não permitir que o cidadão se arme, é uma violação constitucional.
      A ação dos marginais ( ladrões, sequestradores, assassinos...) está intimamente ligada a certeza  de que sua vítima não possui os meios necessários para sua proteção, sendo assim, se o porte de arma de fogo fosse aprovado em nosso país, a taxa de criminalidade poderia cair drasticamente, pois, sabendo que o cidadão, antes encarado como vítima indefesa, poderia ter as ferramentas necessárias para se defender, inibiria a ação criminosa.
      A lei nº 10.826/2003, conhecida como “Estatuto do desarmamento”, foi instituída  com o objetivo de desarmar a população, propagando-se a falsa idéia de que o alto índice de criminalidade era motivado pelas armas, como se traficantes comprassem suas armas no mercado formal. O desarmamento acaba sendo realizado entre cidadãos de bem, que entregam sua única ferramenta de defesa ( na maioria das vezes registrada)  em troca de uma mísera recompensa ( até R$300). Não se tem noticia de que armas de grosso calibre e poder de fogo tenham sido entregues em seus postos de arrecadação.

“O desarmamento está longe de ser a solução para a diminuição da criminalidade, é a passagem para o banditismo e o caos social”
(Diálogos & Saberes)  

      Antes  de 1997, o porte de arma ilegal de armas de fogo era tratado como contravenção penal, punido, na maioria das vezes, com multa. Com a lei nº 9.437, de 20 de fevereiro de 1997, passou a ser considerado crime, e mais tarde, a lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001, estipulou uma pena máxima inferior a 2 anos. A lei nº 10.826/2003 acabou sendo rejeitada pela população no referendo realizado em 2005, que decidiu pela manutenção do comércio de armas no país, mas, não amplia o direito ao porte de armas à população em geral.
      O supremo Tribunal Federal, na figura de seu relator Juiz Ricardo Lewandowski, considerou a posse e o porte de armas por civis como crime. Essa lei permanece em discussão e ressurgiu após o “massacre de Realengo”. 

“ De acordo com dados da Polícia federal, existem no Brasil, cerca de 15 milhões de armas de fogo, incluindo as das polícias federal, Militar e Civil. Do total, apenas 4.348.140 estão nas mãos de civis e devidamente registradas no SINARM, e destas, aproximadamente 500 mil foram recadastradas.”
(Varella 2007).

      As armas irregulares são a maioria nesse comércio clandestino devido o alto valor da taxa para porte legal, que as vezes, supera o valor da própria arma.
      Na Inglaterra, em 1996, um estudo revelou que embora o número de certificados de armas de fogo tenha atingido seu mais baixo nível ( desde que foram impostas restrições severas aos novos registros de armas de fogo), os crimes à mão armada atingiram o seu  mais alto nível, considerando que são armas ilegais e sem registros que são as mais usadas em práticas criminosas.
      Nos EUA, entretanto, onde o direito de autopreservação foi amplamente mantido, a criminalidade diminui.
      No Brasil, com o Estatuto do desarmamento posto em prática, houve uma queda de 92% na venda de armas legalizadas, em contrapartida, os índices de criminalidade crescem drasticamente. Enquanto o número de armas de fogo vendidas para civis caiu de aproximadamente 55 mil para quase 23 mil, nesse mesmo período, o número de homicídios subiu de 10 mil para 40 mil por ano (1979 a 2000).
      Enquanto no Canadá, por exemplo, possui 0,7 arma por habitante e tem uma taxa de homicídios de 2 em cada 100 mil habitantes/ano, no Brasil, com seu 0,1 arma por habitante, a taxa de homicídio fica em torno de 27 a cada 100 mil habitantes/ano.
      O que se percebe, quando analisamos o discurso de quem é favorável ao desarmamento, tendo como base a explicação de que quanto mais armas nas ruas, maior é a taxa de criminalidade é tanto mentirosa quanto hipócrita. Um combate efetivo à criminalidade não existe sem que o cidadão posse usufruir plenamente seu legítimo direito a defesa pessoal.
      Uma pesquisa realizada na escola de Direito da Universidade de Chicago, com base em dados disponibilizados pelo FBI, entre 1977 e 1992,  obtiveram a conclusão de que nos 31 estados que permitem o porte de arma de fogo, as taxas de criminalidade eram menores do que nos Estados onde não há o mesmo direito. Conclui-se, portanto, que os criminosos são inibidos quando sabem que suas possíveis vítimas, possuem meios de equiparação a agressão que podem vir a sofrer.

“O cidadão honesto deve ter o direito de portar arma de fogo, não só por legítima defesa, mas porque, armado, ele eleva o risco para os bandidos, criando um efeito positivo inclusive para quem não possui armas.”
(Diálogos $ Saberes).

‘’ O mapa da violência 2013 (morte por armas de fogo), divulgado em março de 2013, informou que 36.792 pessoas foram assassinadas a tiros em 2010, o número é superior aos 36.624 assassinatos a tiro em 2009, o que corresponde a taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes/ano. A oitava pior marca entre as 100 nações pesquisadas”
(CARVALHO, Jailton, O Globo, 6/03/2013).

      Os números são bastante relevantes, considerando que os criminosos, sabendo do baixo risco de resistência da vítima e da impunidade, comete tais crimes. Uma outra questão, que deixarei para abordar em trabalhos futuros, é a necessidade de leis mais severas, que associadas ao armamento da população, que terá a plenitude de seu direito constitucional à vida, farão que no mínimo, os criminosos pensem duas vezes, ou mais, antes de cometerem crimes, sejam eles homicídios, estupros etc.
      Talvez o Brasil já esteja maduro o suficiente para discutir sobre a implementação, ou não, da pena de morte em nosso país. No mínimo, anularíamos  as reincidências, pois hoje, se mata, prende, julga, solta e volta a matar, daria um fim nesse ciclo e salvaria milhares de vítimas, mas isso, é um outro assunto.
      O pavor provocado pela mídia com o objetivo de tornar o cidadão cada dia mais indefeso chega a afetar as crianças.

“ As lojas de Brasília estarão proibidas de vender armas de brinquedos a partir do ano que vem, sob pena de multa de R$ 100 mil e fechamento do estabelecimento. A lei foi publicada ontem, e terá de ser regulamentada nos próximos 120 dias.”
( COUTINHO, Felipe, Folha de São Paulo, 24/09/2013).
           
      Devemos lembrar que heróis também usam armas ( policiais, militares) e que brincar com um modelo plástico de uma ferramenta que esta criança possa vir a usar enquanto adulto numa dessas profissões, estimula seu desejo. Pois, se seguirmos a essa lógica midiática, a criança que quer ser cirurgiã quando adulta será privada de brincar com bisturis de plástico.
      A mídia colabora com a formação de um cidadão que estará sempre nas páginas policiais como vítimas, que não apresenta resistência aos seus agressores ( isso talvez venda mais jornais).
      Por outro lado, muitos dos parlamentares que defendem a flexibilização do estatuto do desarmamento, não estão preocupados com nossa segurança, mas  acabam legislando em causa própria ( algo bem comum em nossa política), ou a favor de grandes empresas da área de segurança que financiam suas campanhas eleitorais. O Deputado Ronaldo Benedet (PMDB-SC), por exemplo, que é o autor do projeto de Lei nº 1.754/11 que autoriza o porte de armas aos advogados, sendo ele mesmo um jurista e sua campanha financiada em 50 mil reais pela empresa Tauros Blindagem.
      Também se encontra nessa classificação, o deputado Moreira Mende (PSD-RO), com o projeto de lei nº 1.010/2007, que dá poderes a polícia Civil de expedir os certificados de registro de armas, e sua campanha eleitoral teve mais de R$ 90 mil de doações da Associação Nacional de Indústrias de Armas e Munições (ANIAM), dentre outros parlamentares.

“ Segundo o TSE, fabricantes de armas e munições e entidades do setor, desembolsaram R$ 2,4 milhões em doações nas eleições de 2010. O dinheiro beneficiou as campanhas de 48 candidatos ( eleitos ou não eleitos) a deputado ( federal ou estadual), Senador, Governador e Vice-Governador”
(BRUNO, Cássio, O GLOBO, 13/04/2013).

      O Referendo que derrubou a proposta do desarmamento deveria ser entendido como que a população quer sim ter o direito de portar arma de fogo, mas ao invés disso, a Câmara e o senado discutem propostas paliativas e elitizadas, onde apenas algumas categorias profissionais podem ter esse direito.
      O único Projeto de lei que prevê a liberação de armas aos cidadãos comuns é o de número 3.722. do deputado federal Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC), que atende o clamor popular do Referendo de 2005, quando mais de 63,4% da população se declarou contrária a proibição a venda de armas no brasil.
      Em resumo, não podemos nos limitar a pensar  apenas o que a imprensa nos induz a pensar. O “Massacre de realengo”, que ocorreu no Rio de janeiro e que vitimou 12 crianças em abril de 2011 (ou qualquer tragédia envolvendo armas de fogo ilegais), não pode ser utilizado para justificar a tese defendida pela mídia burguesa e seus empresários cercados por seguranças armados, seja aceita pacificamente pelos cidadãos. O estado não cumpre com solidez e eficácia, seu papel de nos proteger, e nos nega o direito legítimo de nos defender.
      O registro e a legalização do porte de armas por cidadãos comuns, inibiria a ação de criminosos e em contrapartida, acompanhada por uma campanha de utilização consciente das armas de fogo, inibiria também o uso irresponsável dessas ferramentas, já que tanto a arma quanto o seu  proprietário constariam num cadastro nacional, o que facilitaria a identificação desse mesmo indivíduo e de sua arma caso fosse utilizada em evento criminoso.
      Mesmo tendo como grande defensora da proposta do desarmamento, a presidenta Dilma Rousseff (PT) tem em seu histórico a luta armada e hoje conta com centenas de seguranças armados que garantem a sua proteção. E o povo??
            Se me garantirem, que os marginais que possuem suas armas de grosso calibre devolverão voluntariamente suas armas, que a população estiver segura e que nenhuma arma ilegal entre em nosso território, serei o primeiro a dispensar um domingão de sol pra ir votar, do contrário não participarei desse circo “ que os homens armaram pra me convencer”.

    

Referências Bibliográficas

·    COUTINHO, Felipe, Cotidiano, “ Armas de brinquedo é vetada em lojas do Distrito Federal”, Folha de São Paulo, 24/09/2013;
·         CARVALHO, Jailson, “ Mapa da violência 2013”, O GLOBO, 6/03/2013;
·       BRUNO, Cássio, “ Desarmamento é alvo de 41 projetos de lei”, O GLOBO, 14/04/2013;
·    PRATES, Maria Clara, “ Projeto libera armas de fogo para cidadãos”, ESTADO DE MINAS, 13/01/2013;
·         MANDAGUARI, “ Diálogos & Saberes”, V.8, nº 1, p. 109-123, 2012.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   


                                                                                                                                                                                                                  
     


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Um olhar Contemporâneo Sobre a Utopia.

(Resenha do Manifesto Comunista com algumas observações contemporâneas)

 Elaborado por Karl Marx e Frederich Engels, entre dezembro de 1847 e janeiro de 1948, foi publicado pela primeira vez em  Londres, entre fevereiro e março de 1848. Este documento histórico tinha apenas a intenção de  ser um panfleto, a ser distribuído aos operários da época.
      Deixa explícito a eterna luta de classes que existe desde os primórdios da sociedade ( tanto em nosso momento contemporâneo quanto no período em que fora escrito). Não importa sua presença em determinado período histórico, essa luta de classes sempre existiu e sempre irá existir. Onde existir a presença do Homem, haverá níveis hierárquicos entre esses indivíduos ( o OPRESSOR e o OPRIMIDO).
      Os autores apontam no surgimento da burguesia o fator que rompeu com os valores do período feudal como a religiosidade, o entusiasmo cavalheresco e as relações naturais entre as pessoas, instalando em seu lugar a simples, e ao mesmo tempo complexa busca por lucros e vantagens, onde o ser  humano não vale mais do que possui.
      As relações  pessoais fora substituídas pelas relações de produção. Os processos de guerras, conquistas e expansões são agora motivados por um único fator, o econômico. Esse sistema acaba por traçar o destino do planeta, regulando o número de guerras, mortes, escassez de alimentos e distribuição de renda cada dia mais desigual, para se manter em constante movimento, numa engrenagem perversa:  Produz – abastece – alimenta – financia e estimula o crescimento produtivo e econômico – cria conflitos (guerras) – mata e destrói  o sistema produtivo, de alimentos e energia – aumenta a produção para abastecer as perdas desse mesmo conflitos -  se estabiliza – volta a produzir...
      A maior conquista dos trabalhadores  é esta organização do proletariado  em classes, e até mesmo, eles defendem, em partidos políticos,  o que, em minha opinião ( forjada em 15 anos de experiência em atuação em movimentos estudantil, sindical e partidário), nos dias de hoje os autores teriam que reescrever este manifesto, talvez até chegariam a conclusão de que neste atual contexto histórico,  principalmente no Brasil, a classificação da dezenas de siglas partidárias , registradas hoje no Tribunal Superior Eleitoral, em sendo de ‘ESQUERDA” ou de “DIREITA” é precoce e errônea.
      Talvez chegassem à conclusão que o fator que separa essas mesmas legendas partidárias é o fato de “ESTAREM” ou “NÃO ESTAREM” no poder. E, sendo as organizações proletárias da atualidade ( Movimentos estudantil, sindical etc.) sendo meros tentáculos dessas organizações eleitorais ( e eleitoreiras), sendo extensões de seus refrigerados gabinetes, essas classes são utilizadas como massa de manobra. O espírito revolucionário defendido de forma tão brilhante por seus autores, talvez tenha sido morto pelo processo de evolução tão claramente explicado nesse manifesto ou acabou sendo adaptado, onde as relações entre  “OPRESSOR X OPRIMIDO” está perdendo seu foco e os personagens estão em constante troca de papéis?
       Com relação ao uso do proletariado pela burguesia, os autores são explícitos, “ Em todas essas lutas, a burguesia se vê forçada a apelar para o apoio do proletariado e arrastá-lo para a arena política...” O que faz com que ela mesma forme seus próprios opositores.

      Pode não ter sido o objetivo inicialmente traçado por Marx e Engels quando se debruçaram sobre folhas em branco e começaram a “dar a luz” a esse documento, mas hoje, o objetivo do proletariado é se tornar burguesia, de oprimido para opressor, se não for de todo o proletariado, pelo menos é o desejo de seus líderes. Usar a luta de classes como um eficaz trampolim social.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Soldado e o Tiro no Pé.


      Nesta semana, nossa cidade segue suas comemorações do dia do seu patrono, Duque de caxias, ao passar pelo centro de nossa querida cidade, podia-se ver ( Antes dessas comemorações)), o Tomógrafo Móvel, localizado na Praça do Pacificador, no entanto, este importante serviço de saúde oferecido gratuitamente à nossa população fora despejado, dando lugar á dois veteranos blindados e meia dúzia de soldados, que por sua vez, teve suas atenções usurpadas pelo tradicional "mágico" e vendedor de sabão que encanta seu público em troca de uns trocados, com seu malabarismo e histórias intermináveis. Enquanto os soldados eram ignorados completamente pelo público, , desinteressado em seus blindados tão enferrujados quanto a tradição que os mantêm como alegorias caras, penso com meus botões, se não teria sido um verdadeiro tiro no pé essa troca. Quanto mais estudamos a biografia de nosso patrono, menos razões temos para comemorar. ( ainda mais, sendo esse feriado apenas mais um domingo).

domingo, 7 de abril de 2013

Resenha do Filme “Apocalypto”


“Uma grande civilização não pode ser conquistada até que tenha se destruído por dentro.” Essa frase, do historiador norte-americano William James Durant (5 de novembro de 1885 – 7 de novembro de 1981) resume por si só essa produção do cinema, lançado nas telas brasileiras em 26 de janeiro de 2006, dirigido pelo ator e diretor Mel Gibson.
Narra uma história que tem como cenário a Península de Iucatâ (Estende-se  pelo atual território do México, Cuba e Guatemala) Antes da colonização espanhola e durante a civilização Maia ( já em decadência).
Um dos personagens em destaque é o nativo Jaguar Paw (interpretado pelo ator nativo americano e texano Rudy Young Blood), um integrante de uma comunidade rústica, filho do líder de sua aldeia e um especialista na arte da caça. Utiliza-se de ferramentas moldadas pela própria natureza, como folhas, galhos de árvores, e até mesmo o veneno extraído da pele de um sapo para tornar suas zarabatanas em armas mortais. Sua “tribo” tem uma estrutura social bastante simples e primitiva, (aos olhos de nossa visão contemporânea). Vive numa comunidade pacífica, Com sua crença religiosa baseada nos espíritos defensores da natureza. Sua história, suas raízes e seus costumes passados oralmente, contadas pelo ancião aos mais jovens. A “posse” de seu vasto território é justificada usando-se de sua ancestralidade (seus antecedentes que ali habitavam desenvolvendo suas atividades como a caça, a pesca etc, e, que seus descendentes perpetuarão essa tradição).
A pacata comunidade de Jaguar Paw acaba sendo atacada, dominada, capturada e escravizada por uma tribo desconhecida, com uma organização social mais elaborada e deuses mais exigentes que os seus*.
Armas de metal, vestimentas mais ornamentadas, cidades com construções mais bem elaboradas e já com o uso de pedra para erguer seus templos e palácios. Esse povo, que segundo o filme, seria a civilização Maia, passava por uma série de dificuldades como doenças, seca e plantações destruídas que eram atribuídas a fúria dos seus deuses.
Parte dos conterrâneos de Jaguar Paw foi comercializada como escravos, pois seus raptores não os viam como pertencentes ao seu grupo social, sendo inferiorizados, outros, inclusive nosso herói, foram escolhidos para uma função mais nobre e digna de legítimos guerreiros, aos olhos de seus carrascos, que seria de amenizar a ira dos seus deuses para que o liberassem dessas duras mazelas.
O sacrifício humano seria usado para que seus deuses lhe devolvessem a prosperidade. No entanto, momento de um dos sacrifícios ocorreu um eclipse solar, que foi interpretado pelo sacerdote como a satisfação divina, liberando os demais. Todavia, para que sua liberdade fosse devolvida, teriam que sobreviver a uma última aprovação. Vários companheiros do nosso herói foram mortos, mas ele sobreviveu, e mesmo perseguido, voltou para sua floresta e para sua família bem a tempo de testemunhar a chegada em seu litoral de estranhas naves, os europeus**. Com uma conjuntura fragmentada da sociedade pré - cabralista não foi difícil esses “extraterrestres” dominarem suas terras, tornando o verdadeiro paraíso num inferno de guerras mais bem armadas e elaboradas e deuses cruéis, mas isso, é uma outra história. Fim?


Resenha do Filme “10.000 ac”


Filme norte americano lançado em 2008, estrelado por Steven Strait e Camila Belle, e dirigido por Roland Emmerich. Orçado em 105 milhões de dólares, arrecadou cerca de US$ 269.784.201.
O filme tem como seu principal personagem o caçador D’Leh, um jovem que habitava uma aldeia isolada no alto de uma cordilheira.
O site “Yahoo” colocou o filme no topo da lista dos “os 10 filmes mais historicamente imprecisos”. Cenas como a dos mamutes utilizados na construção das pirâmides do Egito (Esse animal era nativo da América do Norte e do Norte da Ásia e não poderia ser encontrado no deserto), as próprias pirâmides só seriam construídas por volta de 2.500 ac. O uso de embarcações (que só seriam usadas por volta de 3.500 ac.), a domesticação de cavalos, (que só teria se dado também por volta de 3.500 ac), entre outras falhas grosseiras.
Apesar dos “desencontros” entre o enredo e a historiografia, o filme, tal como o filme Apocalypto, mostra o choque cultural entre dois povos distintos*. Caçadores entram num encontro violento com guerreiros e precisam abandonar o isolamento e começar a desbravar o mundo até então desconhecido para libertar seus conterrâneos capturados.
As diferenças ficam bem claras, Caçadores acostumados a usarem lanças apenas para capturarem alimento contra guerreiros bem armados, que o filme chega a mostrar espadas (que só seriam usadas a partir do terceiro milênio antes de cristo), além do uso do arco e flecha e cavalos (mesmo tendo a controvérsia de que esses animais só foram domesticados em meados de 3.500ac).
Enquanto nosso herói vinha de uma comunidade simples, seus inimigos já tinham uma organização social, arquitetura mais bem elaborada. Enquanto sua referência religiosa baseava-se nas profecias de uma anciã, os Egípcios construíam templos e adoravam seu rei como um deus.
Deixando as polêmicas de lado, o filme mostra duas civilizações que têm suas próprias profecias, cultura e armamentos. Onde a civilização, teoricamente mais evoluída, lança mão do trabalho escravo daqueles menos evoluídos. Todavia, o caçador, pressionado pelo contexto acaba se tornando um guerreiro destemido.
Em sua jornada, reúne outras tribos que têm o mesmo inimigo, e a partir daí se fortalece contra um governo dominado por um pseudo-deus o qual nosso herói atira contra ele sua lança, matando-o.
O filme vem de uma ideia do diretor de cavar as origens dos contos de heróis, jovens comuns que salvam donzelas em perigo e mostra que nas dificuldades, o mais simples e humilde dos homens pode se tornar num lendário líder e herói. 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Dejavu?


Hoje, dia 28 de fevereiro de 2012,  foi publicado no jornal Extra, na página 15, uma entrevista com o atual presidente estadual do PMDB do Estado do Rio de Janeiro Jorge Picciani.
Entre mágoas não resolvidas, guardadas desde sua derrota para Lindberg Farias e Crivela para o Senado em 2010 e gargalhadas cínicas, seu foco agora é o movimento à nível Nacional do PMDB em neutralizar o PT em alguns Estados importantes para a conjuntura eleitoral, já com horizonte em 2014, a exemplo do próprio Estado do Rio de Janeiro.
Uma caravana peemedebista promete visitar a Presidente Dilma (PT) para lhe CHANTAGEAR ( uso essa palavra, pois não encontro outra que defina essa atitude). Ou a Presidenta puxa a coleira e corta as asas das grandes lideranças que têm projetos de serem Governadores de Estados, ou, o PMDB ameaça um racha nas fileiras governistas, tirando seu apoio e lançando carreira solo rumo a cadeira presidencial.
Do que o PMDB tanto reclama? Já tem a Vice-presidência, vários ministérios (mais do que o próprio PT), as presidências da Câmara Federal e do Senado, o que mais eles querem?
Caso a companheira Dilma se renda a tais exigências, pode-se repetir o o cenário eleitoral  que os petistas e (ex-petistas) conhecem muito bem: A famosa intervenção de 1998.
Para os mais jovens (tanto de PT quanto de existência), o cenário de 1998 foi o seguinte: O PT carioca elegeu de forma democrática  o fundador do partido e histórico ativista político Vladimir Palmeira para concorrer o governo do Estado. O PT nacional, na época, namorava a possibilidade do apoio de Leonel Brizola (PDT) ao Lula (PT) para a presidência. O namoro não foi fácil. Como “dote”, Brizola exigiu que o PT fluminense apoiasse seu rebento político Antony Garotinho. O PT nacional, cedendo ao pedido, ajoelhou-se diante de seu pretendente, com o PT do estado do Rio de Janeiro numa caixinha onde deveria conter um belo par de alianças. O que nem o PT de Lula, nem o PDT de Brizola poderiam imaginar, é que o fruto dessa união pudesse ser tão podre.
O filho revoltou-se contra seus criadores. Ingênuos, criaram um monstro, tal como deus criou lúcifer e acabou por alimentar seu próprio inimigo. Uma reviravolta, onde, dessa vez, o dragão jogara todo seu peso e chamas contra São Jorge e seu belo cavalo branco.
Dilma e o PT nacional correm o mesmo risco. O PMDB exige apoio do PT para se fortalecer contra o próprio PT, enfraquecendo o partido de Lula e Dilma. Após alimentado, o PMDB quer devorar a mão que o alimentou. Vale apena ver de novo? A história nos mostra nossos erros para que não voltemos a cometê-los. Mais um “Dejavu” promete afirmar a ciclicidade da política nacional.  Como dizia nossa Beth Carvalho: “ Você pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão...”.


Emerson Torres – Graduando em História, 2º período, FEUDUC.



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Frutos da Solidão?


Num mundo distante, sombrio e isolado, existia um ser que se denominava “supremo”, “poderoso”, “onipotente” e “onipresente”, um ser que vivia numa imensa solidão, construindo e destruindo planetas e estrelas para afastar o tédio. Certo dia teve uma ideia, criar vida onde não existia nada, quem sabe assim sua solidão fosse curada. Pegou um de seus planetas estéreis e vazios e o tornou num laboratório, ou melhor, habitat para seus animais de estimação. Criou animais e plantas. Tal como uma criança rebelde, infringia dor e sofrimento em suas criações, mas sua natureza egocêntrica e psicótica não ficava satisfeita.
À noite, enquanto os animais dormiam, pegou pra si partes de cada um deles: mãos e pés de um macaco adormecido, olhos de uma águia, coração de uma serpente etc. Juntou todos os pedaços num quebra-cabeças sangrento e monstruoso, mas ainda faltava uma essência, que mais tarde chamaria de alma, lhe deu a essência, que um dia, reivindicaria de volta. Viu dentro de si mesmo vários sentimentos, que se encontravam em abundância em seu interior: egoísmo, prepotência, amor, ódio e os doou a sua criação partes de cada um deles, estava sobrando mesmo, pensou ele.  Fechou seus olhos enquanto cada parte se unia a outra e tomando uma forma moldada em sua imaginação. Queria que se parecesse com ele mesmo, tanto por fora quanto por dentro.
Ao abrir seus olhos, a criatura estava viva, colocou-lhe a coleira da adoração e o soltou. Causava-lhe sofrimento e dizia-se ser “o Demônio”, quando lhe dava paz e conforto, dizia-se “Deus”. Pois esse ser era bipolar, psicótico e muito carente. A coleira da adoração servia para que sua criatura sempre o adorasse e o venerasse, tal como um cão que vem ao encontro de seu dono após um dia de trabalho. Orgulhoso com seu feito, esse “Deus-Demônio” constatou que sua criatura estava só, demonstrava um comportamento estranho, parecia estar no cio, então, observando que cada animal tinha sua fêmea para copular e se reproduzir. Criou a mulher, e ofereceu a sua criatura. Como que previsse seu futuro ajoelhou-se diante de seu “dono” e perguntou: Que mal eu fiz para merecer tal castigo? Deus-Demônio respondeu: Se reclamar mais crio a sogra!

Sobrenome: Preconceito.


O autor carioca Everardo P. Guimarães, em seu livro “O Que é Etnocentrismo”, tendo sua primeira edição publicada em 1984, tenta “traduzir” ou interpretar de forma bastante didática e funcional esse termo adotado para descrever algo comum entre as sociedades: o preconceito.
O que seria a palavra etnocentrismo do que apenas o sobrenome, ou sinônimo, de outra palavra que também se encaixa nas mesmas definições que a caracterizam? Quando observamos outras sociedades, outras culturas, outras organizações sociais com um olhar etnocêntrico, utilizando-se de uma maneira evolucionista, linear, hierarquizada e tendo o “outro” como ser menos civilizado e mais “selvagem”, estamos apenas usando as lentes do preconceito para observá-lo.
O preconceito, como a própria palavra auto-define, é ter um conceito predeterminado por questões que sequer conhecemos. Os estudiosos do século XVI não estavam preocupados em estudar profundamente as sociedades ou comunidades que eles consideravam abaixo nessa hierarquização social. Normalmente, eles só se preocupavam em tentar compreender “o outro” quando havia um interesse maior que motivasse tal pesquisa. Seja, por exemplo, para explorar a mão de obra dos nativos pré- colombianos, sua catequização ou simplesmente explorar suas riquezas naturais.
O etnocentrismo é constantemente abordado na ficção. O filme “Avatar”, por exemplo, na minha humilde opinião, pode ser um exemplo bem típico: “eu”, o ser civilizado e superior, estabeleço contato com “o outro”, lhe ensino minha cultura, que acredito servir para lhes tirar do estado selvagem, aprendo seus hábitos, mas tudo motivado por um interesse maior, que é o de explorar seus valiosos e raros recursos naturais.
Este termo, segundo o próprio autor, só começa a ser “exorcizado” no século XX, mesmo que de forma tímida, pois até hoje este “fantasma” nos assombra. Porém, o campo da antropologia tem um papel fundamental para tentarmos compreender o “outro” não com uma visão de melhores ou piores que nós mesmos, apenas diferentes, com suas próprias crenças, valores, princípios éticos e políticos. Somos tão estranhos a eles, que eles são para nós.
Lembro-me, no início do curso, quando o professor Raphael Almeida, nos trouxe para a aula de Antropologia o texto de Horace Miner “As práticas Mágicas entre os Naciremas”, como a turma ficou perplexa ao ler uma transcrição de comportamentos tão estranhos a nós, no entanto, um dia nos chega a revelação de que aquelas práticas tão estranhas e assustadoras se tratava de um diálogo descrevendo nossos próprios hábitos, como se fossem descritos com base numa observação do “outro” sobre nosso próprio comportamento. Da mesma forma que avaliamos, julgamos e criticamos os hábitos e costumes do “outro”, ele também faz o mesmo sobre nós, somos “alienígenas” em sua própria concepção de mundo.
Este termo perde um pouco de sua força quando percebemos que tentar classificar uma determinada sociedade com um olhar evolucionista, linear e distante é errônea, pois as culturas são multilineares e estão constantemente em ebulição, se hibridizando, se transformando, se adaptando dependendo de seus próprios fatores, seus próprios reagentes sociais. O Pensamento etnocêntrico apenas favorece seus próprios defensores, que sem ele têm dificuldade de visualizar um mundo plural, multicultural e que não existam etnias superiores ou inferiores. Franz Boas, segundo o autor, nos deixa mais perguntas do que respostas, levanta mais hipóteses do que realmente afirma conceitos. Mas defendia que o “outro” também tem direito de escrever sua própria história, sem que necessariamente ela se cruze com a nossa.
      Enfim, concordando com o autor, o grande salto rumo a ruptura do pensamento etnocêntrico é dado por Malinowski, abandonando o conforto dos gabinetes e mergulhando no mundo do “outro” através do Trabalho de Campo. Se aprofundando na cultura e no espaço geográfico em que vivem, porém, segundo ele , não raramente, “a antropologia contraria sua vocação de preservar a experiência da diversidade, quando a própria matéria é forjada na ótica do “eu” tentando compreender o “outro””, mantendo a visão hierarquizada. Enquanto o olhar preconceituoso sobre o outro existir, haverá etnocentrismo e vice versa. Quando o Homem for capaz de ver seu próximo, respeitar sua cultura e seus ritos estaremos, enfim, num mundo ideal.


Nem tudo que reluz é ouro.


O autor paulista José Luis dos Santos, em seu livro “O que é cultura”, publicado pela editora brasiliense, tendo sua primeira edição lançada em 1983, narra a importância da cultura na evolução, transformação e criação de uma identidade própria dos mais diversos grupos sociais.
      O estudo da cultura e sua diversidade contribuem para que cada grupo acabe respeitando as demais manifestações culturais. Combatendo o preconceito e o distanciamento provocado pelo mesmo. O autor também levanta uma questão importante, o porquê da variação das mais diversas expressões culturais e qual o sentido dessa variação. Também comenta a tentativa de hierarquizar as mais diferentes culturas, tendo como base uma visão eurocêntrica, onde as tribos brasileiras, por exemplo, seriam classificadas como “selvagens” enquanto o próprio europeu seria classificado como “civilizado”, o mais alto nível hierarquia. O que acabava contribuindo para justificar a superioridade europeia e seu domínio, numa visão racista e etnocêntrica.
      O autor aborda o conceito cultura de uma forma genérica, como tudo que caracterize uma população humana, suas manifestações religiosas, seus ritos, suas músicas, sua forma de dominar a natureza. Algumas das características básicas de cultura foram utilizadas no século XIX, adotando uma visão laica de mundo social e que a cultura é o que nos diferencia dos demais animais: tudo que é humano é cultura. O seu estudo aprofundado serve tanto à interesses de unificar uma nação que politicamente não apresenta tal unidade, mesmo possuindo uma identidade cultural em comum, como a Alemanha do Século XIX, quanto o objetivo de explorar ou dominar sociedades que estão, segundo seu ponto de vista etnocêntrico, abaixo na escala da evolução social. Pois, não existe forma mais enraizada de dominação do que inserir, mesmo que através de processos conflituosos ou midiáticos, sua cultura numa determinada sociedade (língua, música, comportamento...). Cito, como exemplo, a obrigatoriedade do ensino da língua inglesa nas escolas (o dominando sendo “adestrado” pelo dominador). Conclui-se então, que cultura é a dimensão do processo social, da vida, de uma sociedade, sendo “um produto coletivo da vida humana”.
      Por mais sólidos que sejam seus argumentos para definir o que seja cultura, tanto erudita quanto popular, certa manifestações que para ele se classificam ou se rotulam como cultura, eu discordaria profundamente, é o caso, por exemplo, do movimento “Funk”, que recentemente foi “legitimado” pela Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro como sendo um movimento cultural. Como pode um estilo de “música” sem musicalidade, com letras carregadas de pornografia, apologia a facções criminosas, ao uso de drogas, a precocidade sexual, com “intérpretes” que sequer sabem cantar ser chamado de cultura? Esta “cultura” se enquadra melhor em artigos de nosso defasado código penal, e não na academia brasileira de letras. Mesmo sendo um traço social de um determinado grupo social (Bandidos, traficantes, presidiários, assassinos...). Nem toda definição reflete a realidade, nem todo conceito se adapta ao objeto estudado, Nem tudo que reluz é ouro.