Aos
dezenove dias do mês de junho de dois
mil e quinze, foi realizado nas dependências da FEUDUC (apesar de contratempos
organizacionais), o Debate “Água na Metrópole”: A História do Acesso e do uso
da Água na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, como palestrante o
Doutorando em História Econômica da USP, o Historiador Ambiental Gilmar Machado de
Almeida.
O
convidado é um pesquisador das origens hídricas no Estado do Rio de Janeiro.
Apresenta o quadro histórico da domesticação da água na Região Metropolitana do
Rio de Janeiro, compara com as mais diversas civilizações que precisaram domar
a água para seu uso, tanto para suas culturas quanto para uso doméstico.
Historicamente, o homem sempre se viu na necessidade de se domesticar o meio
ambiente, fez isso com alguns animais, plantas (agricultura) e com a água,
desenvolvendo meios tanto de consumo quanto uma logística de captação e
distribuição.
Desde sua graduação já pesquisava sobre o uso
da água no Rio de Janeiro, inicialmente, desde o período da colônia (em sua
graduação), no período de 1850 a 1889 no mestrado, e agora no doutorado, faz um
recorte temporal entre 1889 e 1834, quando, em 1834 que é criado o primeiro
código do uso de água no Brasil, o chamado “Código da Água”.
O
tipo e forma de como essa água chegavam ao consumidor final evoluiu com o
passar dos anos. No início, ainda no período colonial, se explorava a
mão-de-obra escava, tanto de índios e posteriormente dos africanos, através de rios e poços, a partir de 1724 é
construído o sistema de chafarizes. O primeiro sistema de abastecimento de água
do Rio era um reservatório no morro do Corcovado, onde a água descia por
gravidade através dos hoje conhecidos como Arcos da Lapa, e chegava ao chafariz
no Largo da Carioca, isso se deu até a década de 30. A instalação de
hidrômetros em 1898 marca a cobrança oficial da água.
Abaixo,
como está hoje organizado o sistema de captação e distribuição de água
atualmente.
Estação
de tratamento Guandu-RJ
O
uso da água em nosso cotidiano é do mais variado: doméstico, industrial,
sagrado etc. A partir da segunda revolução industrial, o recurso hídrico
torna-se ainda mais importante na produção industrial, por exemplo, para cada
litro de gasolina, utiliza-se 11 litros de água. A água está presente em nosso
planeta desde muito antes da chegada do homem, mas é exatamente essa
intervenção humana em seu manejo que prejudica a parte terrestre do seu ciclo.
A crise hídrica é passada pelos meios de comunicação e legitimada pelo poder público ( o que lhe isenta de ingerência) como que apenas a natureza (falta de chuvas) e o uso doméstico (desperdício / uso inconsciente e irresponsável) seriam suas principais causas, onde, na verdade, o consumo doméstico é onde se menos recebe água. A falta d’água é constantemente explorada como plataforma político eleitoreira. Outra questão, é a transposição do Rio São Francisco que beneficiaria mais o setor industrial e agrícola do que o consumo doméstico propriamente dito.
A empresa que administra a distribuição de água no estado do Rio de Janeiro é a CEDAE, no entanto, ela própria desconhece o real tamanho desse sistema de abastecimento, já que pouco se produziu de conhecimento da rede e de toda sua infraestrutura.
Revela que existe o paradigma da água, onde ela é classificada como pura,
tratada ou reutilizada.
“Quem trabalha e mata a fome, não come o pão de ninguém, mas quem ganha mais do que come, sempre come o pão de alguém” – Personagem Tião Galinha, interpretado pelo ator Osmar Prado na novela Renascer (1993). Trazendo essa frase para nosso tema, ficaria assim: “Quem trabalha e mata a sede, não bebe a água de ninguém, mas quem ganha mais do que consome, sempre bebe a água de alguém”. Para ilustrar essa frase, é mostrada uma foto com três placas, duas sobre a implementação da empresa Nestlé, no Tinguá, e, logo ao lado, uma placa de “vende-se”, oferecendo um sítio logo ao lado do
empreendimento comercial que ficara sem água.
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