Aos
treze dias de dezembro, do ano de dois mil e quatorze, no Museu Ciência e Vida,
localizado no Centro do Município de Duque de Caxias, deu-se início às onze
horas a Primeira Mostra de Cinema, promovido pelo Cineclube Ágora, em
rememoração aos cinquenta anos de ditadura militar no Brasil.
O primeiro filme, do produtor Felipe
Santiago, sob o título “Pegaram o Cara Certo”, tem como personagem Bruno
Ferreira Teles, um jovem da Baixada Fluminense que em julho de 2013 saiu de
casa com o objetivo claro de fazer um documentário sobre a vinda do Papa
Francisco ao Estado do Rio de Janeiro, mas ele não imaginava a guinada que seu
roteiro tomaria naquele dia.
E 22 de julho de 2013, o Brasil estava
ansioso pela chegada do papa Francisco ao Brasil, sua primeira viagem oficial
após ser declarado papa. Mas, a mídia brasileira não tinha apenas essa notícia
em suas grades, havia também uma revolta popular devido ao aumento abusivo das
passagens, e os protestos cada vez mais violentos.
Bruno saiu de casa equipado para filmar
seu documentário papal, se preparou com alguns equipamentos de segurança
improvisados e já saiu de casa com a câmera ligada, gravando todo seu percurso
até a manifestação contra a vinda do Papa que estava ocorrendo.
Bruno, tentou gravar tanto a opinião dos
manifestantes quanto a dos católicos ali presentes, mas, um grande cordão de
isolamento formado por policiais separavam suas duas fontes de pesquisa.
No calor das manifestações, e impedido de
acessar a parte onde os católicos estavam Bruno acaba aderindo a manifestação,
inclusive gritando palavras de ordem contra os agentes do estado.
Bruno acaba detido, e seu equipamento de
cineasta é confundido como sendo um equipamento perigoso, inclusive alguns
agentes afirmam que sua mochila estaria repleta de bombas de fabricação
caseira.
Diversos meios de comunicação noticiaram
sua prisão, mas, alguns dias depois se retrataram devido sua inocência.
Inclusive alguns dos agentes que o prenderam declararam que não havia nenhum
artefato com Bruno. Mas já era tarde, Bruno fora preso, humilhado pela mídia
que o condenava antes mesmo do julgamento, fora preso enquanto preso político,
o que lhe garantiu pelo menos uma sela especial, separada dos demais detentos.
Bruno afirma que o fator determinante de
sua inocência e libertação foram os milhares de desconhecidos, que
compartilharam nas redes sociais diversos vídeos que o inocentavam.
No segundo Filme, “Dossiê Jango”, de Paulo
Henrique, fala sobre a trajetória política do presidente que foi deposto pela
ditadura militar e exilado no Uruguai, onde faleceu, supostamente de um
infarto, mas evidências apontam um envenenamento.
Apesar de contraditória, o governo de
João Goulart (Jango) construiu uma sólida política externa. No entanto, haviam
forças políticas norte americanas intervindo diretamente na política
brasileira, seja através do financiamento de campanha de políticos e a própria
imprensa, submissos aos EUA, seja
através da própria Igreja, com eclesiásticos promovendo uma forte campanha
anti-Jango.
As mortes num curto espaço de tempo
(apenas 9 meses), dos principais nomes da democratização do Brasil (Juscelino Kubitschek
em 22 de agosto de 1976; João Belchior Marques Goulart em 6 de dezembro de
1976; Carlos Lacerda em 21 de maio de 1977), motivaram o surgimento de diversas
teorias de que essas mortes foram orquestradas por interesses antidemocráticos.
Pesquisas mais aprofundadas citam as
operações Condor ( Uma operação para eliminar inimigos do governo norte
americano, dentro e fora de suas fronteiras), Andrea ( operação que envolvia um
laboratório químico com o objetivo de criar 10 tipos de super venenos), e, a
operação Escorpião (Grupo de inteligência uruguaia com o objetivo de assassinar
jango.
Alguns dos entrevistados aplaudem a
iniciativa do Governo brasileiro na formação da Comissão da verdade, mas
propõem que ela seja estendida além de nossas fronteiras, começando pelo
Uruguai e Argentina, numa cooperação mútua para esclarecer os mistérios dos
anos da ditadura, com intercâmbio de informações e documentos.
O professor Antônio Augusto faz algumas
considerações finais, enfatizando que o papel do historiador é muito
importante, mas devemos nos ater a alcançar a veracidade dos fatos. Cita que no
documentário sobre a vida de Jango, existem historiadores que defendem e os que
contradizem a teoria de seu envenenamento, cabe ao historiador se municiar das
fontes e ouvir o que elas têm a dizer.
Enfim, nos 50 anos de ditadura militar,
muitas páginas ainda permanecem em branco, diversos capítulos ainda não foram finalizados.
Cabe a Comissão da Verdade preencher as lacunas para que as memórias dos mortos
seja enfim respeitadas, e que os culpados sejam levados a justiça, só assim
suas famílias encontraram conforto.
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