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Esse é um espaço onde tenho o compromisso e a obrigação de colocar minhas opiniões para aprofundar os mais diversos assuntos, tais como análise político-eleitoral, resenhas de livros e filmes, entre outros, porque apenas com o debate, e a exposição de opiniões contrárias o ser humano pode chegar a suas próprias conclusões. aqui meu lema é: " Não escrevo o que querem ler, mas o que deve ser lido". tenha uma boa leitura, e fique a vontade para comentar.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

DITADURA: democrática ou Militar, as ferramentas são as mesmas.


    Aos treze dias de dezembro, do ano de dois mil e quatorze, no Museu Ciência e Vida, localizado no Centro do Município de Duque de Caxias, deu-se início às onze horas a Primeira Mostra de Cinema, promovido pelo Cineclube Ágora, em rememoração aos cinquenta anos de ditadura militar no Brasil.
      O primeiro filme, do produtor Felipe Santiago, sob o título “Pegaram o Cara Certo”, tem como personagem Bruno Ferreira Teles, um jovem da Baixada Fluminense que em julho de 2013 saiu de casa com o objetivo claro de fazer um documentário sobre a vinda do Papa Francisco ao Estado do Rio de Janeiro, mas ele não imaginava a guinada que seu roteiro tomaria naquele dia.
      E 22 de julho de 2013, o Brasil estava ansioso pela chegada do papa Francisco ao Brasil, sua primeira viagem oficial após ser declarado papa. Mas, a mídia brasileira não tinha apenas essa notícia em suas grades, havia também uma revolta popular devido ao aumento abusivo das passagens, e os protestos cada vez mais violentos.
      Bruno saiu de casa equipado para filmar seu documentário papal, se preparou com alguns equipamentos de segurança improvisados e já saiu de casa com a câmera ligada, gravando todo seu percurso até a manifestação contra a vinda do Papa que estava ocorrendo.
      Bruno, tentou gravar tanto a opinião dos manifestantes quanto a dos católicos ali presentes, mas, um grande cordão de isolamento formado por policiais separavam suas duas fontes de pesquisa.
      No calor das manifestações, e impedido de acessar a parte onde os católicos estavam Bruno acaba aderindo a manifestação, inclusive gritando palavras de ordem contra os agentes do estado.
      Bruno acaba detido, e seu equipamento de cineasta é confundido como sendo um equipamento perigoso, inclusive alguns agentes afirmam que sua mochila estaria repleta de bombas de fabricação caseira.
      Diversos meios de comunicação noticiaram sua prisão, mas, alguns dias depois se retrataram devido sua inocência. Inclusive alguns dos agentes que o prenderam declararam que não havia nenhum artefato com Bruno. Mas já era tarde, Bruno fora preso, humilhado pela mídia que o condenava antes mesmo do julgamento, fora preso enquanto preso político, o que lhe garantiu pelo menos uma sela especial, separada dos demais detentos.
      Bruno afirma que o fator determinante de sua inocência e libertação foram os milhares de desconhecidos, que compartilharam nas redes sociais diversos vídeos que o inocentavam.
     No segundo Filme, “Dossiê Jango”, de Paulo Henrique, fala sobre a trajetória política do presidente que foi deposto pela ditadura militar e exilado no Uruguai, onde faleceu, supostamente de um infarto, mas evidências apontam um envenenamento.
      Apesar de contraditória, o governo de João Goulart (Jango) construiu uma sólida política externa. No entanto, haviam forças políticas norte americanas intervindo diretamente na política brasileira, seja através do financiamento de campanha de políticos e a própria imprensa, submissos aos EUA, seja  através da própria Igreja, com eclesiásticos promovendo uma forte campanha anti-Jango.
      As mortes num curto espaço de tempo (apenas 9 meses), dos principais nomes da democratização do Brasil (Juscelino Kubitschek em 22 de agosto de 1976; João Belchior Marques Goulart em 6 de dezembro de 1976; Carlos Lacerda em 21 de maio de 1977), motivaram o surgimento de diversas teorias de que essas mortes foram orquestradas por interesses antidemocráticos.
      Pesquisas mais aprofundadas citam as operações Condor ( Uma operação para eliminar inimigos do governo norte americano, dentro e fora de suas fronteiras), Andrea ( operação que envolvia um laboratório químico com o objetivo de criar 10 tipos de super venenos), e, a operação Escorpião (Grupo de inteligência uruguaia com o objetivo de assassinar jango.
      Alguns dos entrevistados aplaudem a iniciativa do Governo brasileiro na formação da Comissão da verdade, mas propõem que ela seja estendida além de nossas fronteiras, começando pelo Uruguai e Argentina, numa cooperação mútua para esclarecer os mistérios dos anos da ditadura, com intercâmbio de informações e documentos.
      O professor Antônio Augusto faz algumas considerações finais, enfatizando que o papel do historiador é muito importante, mas devemos nos ater a alcançar a veracidade dos fatos. Cita que no documentário sobre a vida de Jango, existem historiadores que defendem e os que contradizem a teoria de seu envenenamento, cabe ao historiador se municiar das fontes e ouvir o que elas têm a dizer.
      Enfim, nos 50 anos de ditadura militar, muitas páginas ainda permanecem em branco, diversos capítulos ainda não foram finalizados. Cabe a Comissão da Verdade preencher as lacunas para que as memórias dos mortos seja enfim respeitadas, e que os culpados sejam levados a justiça, só assim suas famílias encontraram conforto.